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Empresas que promoveram palestra de Moraes na Itália foram condenadas por fake news

Na viagem em que ocorreu suposta agressão, Moraes ministrou palestra em evento promovido por grupo condenado em ação sobre fake news

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Divulgação

A palestra que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ministrou na Itália, na semana passada, foi promovida e patrocinada por uma faculdade goiana condenada por fake news relacionadas ao kit Covid. Na volta do evento, no aeroporto de Roma, Moraes e familiares se envolveram no episódio que resultou no inquérito da Polícia Federal sobre suposta agressão. A informação foi divulgada pela TV Band e confirmada pelo Metrópoles. O ministro não se manifestou.

Apesar de ter acontecido na Universidade de Siena, na região italiana da Toscana, o evento acadêmico Fórum Internacional de Direito foi promovido pela Alfa Escola de Direito e pela Unialfa, ambas de Goiás. Todas essas instituições privadas de ensino pertencem ao Grupo José Alves, que também é dono da empresa farmacêutica Vitamedic, que produz a ivermectina no Brasil.

O Grupo José Alves e a Unialfa foram condenados pela Justiça Federal no Rio Grande do Sul, em maio deste ano, por danos morais coletivos à saúde. Em fevereiro de 2021, as empresas bancaram a publicação de um informe publicitário em diversos meios de comunicação, com o título “Manifesto Pela Vida”. O texto defendia o chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19, usando remédios sem eficácia comprovada contra o coronavírus, como cloroquina e ivermectina.

Na sentença, informa o Ministério Público, a entidade Médicos Pela Vida (Associação Dignidade Médica de Pernambuco – ADM/PE), e as empresas Vitamedic Indústria Farmacêutica, Centro Educacional Alves Faria (Unialfa) e o Grupo José Alves foram condenados ao pagamento de R$ 55 milhões por danos morais coletivos à saúde.

Segundo o processo, o lucro anual da empresa Vitamedic subiu de R$ 15 milhões para R$ 500 milhões durante os anos de pandemia, graças à venda de ivermectina. Por causa desse faturamento e da defesa do “tratamento precoce”, Jailton Batista, diretor-executivo da Vitamedic, foi convocado a depor na CPI da Covid em agosto de 2021.

Evento na Itália

A Unialfa promove eventos na Universidade de Siena e teve o ministro Alexandre de Moraes entre os palestrantes do fórum promovido entre 4 e 14 de julho.

Dos 31 palestrantes que constam na programação, 20 eram brasileiros, incluindo Moraes, enquanto 11 eram da própria Unialfa.

O Metrópoles entrou em contato com a Unialfa e com o Grupo José Alves para perguntar se a instituição patrocinou viagens e hospedagem de Moraes e familiares na Itália, mas as instituições não haviam respondido até a publicação desta reportagem.

Moraes também foi procurado, via assessoria de comunicação do STF, mas decidiu não se manifestar. O espaço está aberto para todos os citados.

Agressões a Moraes

O ministro Alexandre de Moraes foi hostilizado na última sexta-feira (14/7) por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Fiumicino, em Roma.

Moraes passava pelo terminal com a família, vindo da palestra em Siena, quando foi abordado por três brasileiros que o teriam chamado de “bandido, comunista e comprado”.

Os supostos envolvidos já prestaram depoimento à Polícia Federal. Os esclarecimentos colhidos pela corporação, nessa terça-feira (18/7), no entanto, têm divergências com o relato do ministro.

Na delegacia da PF em Piracicaba, no interior de São Paulo, o casal Andréia Munarão e Roberto Mantovani Filho negou ter ofendido Moraes e disse que houve um “entrevero” com o filho dele, que também se chama Alexandre, sem agressão física. As versões divergem não somente em relação à intensidade da briga, como também sobre quem começou a discussão e o local em que ela ocorreu dentro do terminal aéreo.

Essas divergências só devem ser esclarecidas com as imagens registradas pelas câmeras do circuito interno do aeroporto, que foram entregues à Interpol e devem chegar ao Brasil nesta quarta-feira (19/7).

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