Buscar

Marinha emitiu alerta antes de vendaval e suspeita é de que barco-hotel tenha ignorado sinal

(Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado)

O comandante da Agência Naval de Porto Murtinho, capitão-tenente da Marinha, Alexandre Brandão, disse que pouco antes do vendaval, que chegou a 92 km/h, foi emitido um sinal de alerta para os comandantes das embarcações que estavam no Rio Paraguai. Autoridades não descartam a possibilidade de o barco-hotel, que naufragou nesta quarta-feira (24), ter ignorado o alerta.

Ao todo, 27 pessoas estavam a bordo, sendo 16 brasileiros e 11 paraguaios. Treze estão desaparecidos e um turista foi encontrado morto.

Normalmente, conforme o comandante, quando esse sinal é emitido, as embarcações atracam na margem até o vendaval passar. Diante disso, há suspeita de que o barco-hotel que naufragou tenha ignorado o alerta porque no momento em em que afundou, ainda estava a 30 metros do local onde atracaria.

Conforme o capitão-tenente Brandão, havia previsão de chuva durante o dia, mas ninguém tinha noção da intensidade do temporal. Somente quando notaram que tinha uma ventania é que emitiram um comunicado de alerta para as embarcações.

Sem coletesO barco-hotel estava no Rio Paraguai desde o dia 19 de setembro e a previsão é de que retornaria no dia 25, mas os tripulantes, que pescaram neste período, resolveram antecipar a volta.

O delegado da Polícia Civil que acompanha o trabalho de busca, Rodrigo Nunes Zanotta, explicou que segundo os sobreviventes, no momento do naufrágio muitos passageiros estavam nos quartos arrumando as malas. A suspeita é de que eles tenham ficado enroscado no momento em que o barco começou a afundar.

Outra informação repassada pelas autoridades é a de que no barco tinha colete, mas ninguém estava usando. A norma da Marinha Brasileira é de que, quando a embarcação é brasileira, os tripulantes têm que usar o coleto enquanto o barco estiver no rio, porém, a embarcação que afundou é paraguaia e a investigação será feita pelo país vizinho, com apoio da Marinha Brasileira.

BuscasUm grupo da Marinha está em frente a Colônia Peralta, no Paraguai, onde mergulha em busca da embarcação e de pessoas que ainda estão desaparecidas. A informação de que a embarcação estaria a 17 metros de profundidade.

O trabalho exige paciência porque quando o bombeiro entra no rio ele tem 30 minutos para fazer as buscas porque esse é o tempo que o equipamento sustenta do oxigênio do mergulhador. A Marinha também utiliza um aparelho chamado Sonar para tentar detectar a localização do barco.

VítimasO comandante do Corpo de Bombeiros, major Alexandre Trindade, explicou que enquanto não houver corpo não há como dizer que há tripulante morto, no entanto, pelo que foi apurado até o momento, a chance de ter algum desaparecido vivo é mínima.

Os passageiros teriam que nadar cerca de 400 metros para sair do local onde o barco afundou e chegar até a margem. Conforme os sobreviventes, todos os turistas salvos foram regatados por embarcações menores que viram o acidente. Outra suspeita é a de que Sidinei Romano, encontrado morto, tenha tentado nadar até a margem.

ComoçãoParentes das vítimas, paraguaias e brasileiras, estão nas margens do rio aguardando o resultado dos resgates. Em um dos casos, três pessoas da mesma família estão desaparecidas.

Apesar da expectativa, o trabalho pode demorar dias, segundo o Corpo de Bombeiros e a Marinha. Ainda de acordo com as autoridades, a primeira coisa que os mergulhadores precisam fazer é retirar a embarcação do local porque podem ter corpos presos no barco.

O pescador Nei Nunes, de 53 anos, contou que esteve com o grupo minutos antes do acidente. Ele relatou que passou próximo ao barco-hotel e percebeu que todos os tripulantes estavam felizes e cantando.

Nei conversou com Sidinei e disse que ele era um dos turistas que demonstrava mais felicidade. Ainda conforme o pescador, a margem do rio, de um lado ao outro, mede em torno de mil metros e, mesmo que a pessoa seja uma boa nadadora, a travessia exige muito preparo. “Se não fossem os barcos para salvar as pessoas todos estariam mortos”, concluiu.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.