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Bebê morre após ser rejeitado por dois hospitais por falta de pediatras

Bianca morreu depois de lutar muito pela vida

(Foto: Arquivo pessoal)
Bianca morreu depois de lutar muito pela vida (Foto: )

Depois de ser rejeitado por dois hospitais, por falta de pediatras, na madrugada de segunda-feira (16), um bebê de 13 dias morreu sem receber atendimento médico. A família da criança buscou ajuda na maternidade Candido Mariano e no hospital El Kadri, mas o bebê teve que ser recusado por falta de profissionais.

Bianca teve uma parada cardíaca por volta de 1h da madrugada, enquanto era atendida na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) do bairro Coronel Antonino. O bebê foi enterrado no cemitério do Cruzeiro na tarde de segunda-feira (16).

Segundo o laudo do IMOL (Instituto Médico Odontológico Legal), as causas da morte ainda não foram esclarecidas, e na Certidão de Óbito está como indeterminada. Um pedaço do coração da menina foi retirado e levado para análise. O resultado da perícia fica pronto entre três e quatro meses.

Ainda abalada, um dia após o enterro da neta, Edna Gavilan Rodrigues, 39 anos, narrou a saga que viveu com a filha Karen Gavilan Correa, 20 anos, e a pequena Bianca. “Minha filha me chamou, por volta de meia noite e disse que a Bianca não estava respirando direito. Estava respirando só pela boca”.

Chegando à maternidade, a família foi informada que não havia pediatra para fazer o atendimento. “A orientação que a gente recebe é que em casos de recém-nascidos devemos procurar a maternidade, mas chegando lá, não tinha médico”.

Edna, Karen e o bebê então seguiram para o hospital El Kadri. “Lá também não tinha médico. Então, decidi ligar para o Samu (Serviço Móvel de Urgência). Eles me orientaram a ir até o posto do Coronel Antonino”, lembra Edna.

Na busca por ajuda, avó e mãe estavam cada vez mais aflitas. “Até pensei em ir para Santa Casa, mas achei que precisava de um encaminhamento do posto para que eles fizessem o atendimento”.

Chegando ao posto do bairro Coronel Antonino, onde havia pediatra, Bianca recebeu oxigênio, mas as mãos e os pés já estavam roxos, lembra a avó Edna. “Eles tentaram, mas a enfermeira só balançou a cabeça, dizendo que não dava mais”.

Com a saúde debilitada e com a tristeza nos olhos, Edna conta que os pais da criança estão muito abalados. “Minha filha está totalmente abalada. Ela só chora. Estamos com medo de ela estar com depressão pós-parto. Nem sei mais o que dizer a minha filha”.

Hoje à tarde Karen passou mal em casa e desmaiou. Ela foi levada ao hospital para receber atendimento. “Tenho certeza que é tudo por causa da Bianca. Ela está muito mal”.

Karen teve 40 semanas de gestação e o bebê nasceu com 2,8 quilos e 48 centímetros. O parto foi feito na maternidade Candido Mariano. Segundo a avó, apesar da mãe ter hipertensão, a criança nunca foi diagnosticada com alguma doença. “Ela nasceu e ficou os três dias que os bebês ficam geralmente na maternidade, mas nunca ficou na incubadora”.

Edna diz que no IMOL chegaram a cogitar a hipótese da criança ter engasgado com leite, mas o exame de necropsia não acusou nada do tipo. “Já me disseram que a Bianca deve ter nascido com algum problema no coração, mas na maternidade, onde ela nasceu, nada foi diagnosticado”.

A família diz que vai aguardar o laudo que deve ficar pronto em até quatro meses para processar judicialmente os envolvidos que tenham sido negligentes no caso. “Não é pelo dinheiro. A Bianca não vai mais voltar, mas vou fazer isso por outras crianças. Eu ainda consegui um dinheirinho para pagar o táxi e quem não tem?”, questionou.

Indignada a avó diz que pelo menos uma coisa deve estar errada nessa triste história. “Vou processar por não ter médico, porque a Bianca podia estar viva, e vou processar porque é quase certeza que ela tinha um problema, mas não diagnosticaram corretamente”.

Edna é mãe de outros dois filhos, um menino de 18 que mora em Curitiba e veio para a Capital para ficar com a família, e uma menina de 7 anos. “Tenho três filhos, mas Bianca era minha primeira neta”.

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