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Licitação milionária é marcada por fraude e acusações entre concorrentes

O MPE (Ministério Público Estadual) investiga suposta fraude na licitação para o fornecimento de gás para o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. O processo foi marcado por troca de acusações entre duas das três empresas concorrentes: uma delas, inclusive, teria fraudado um atestado de capacidade técnica, documento exigido em edital. A licitação está em fase recursal, mas quem vencer vai abocanhar até R$ 2,3 milhões para prestar o serviço para o HR por um ano.Uma das denúncias dá conta de que a  Girogaz Comercial de Oxigênio LTDA apresentou um documento em que afirma ter fornecido gás líquido para a Santa Casa de Campo Grande, o que asseguraria sua experiência no ramo e, desta forma, as condições de cumprir o contrato. No entanto, o serviço é realizado pela White Martins e a empresa foi desclassificada no primeiro pregão, por não atender o termo de referência. 

Além da própria Girogaz, dois funcionários da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande), mantenedora da Santa Casa, estariam envolvidos no esquema: o então gerente de Manutenção, Ivécio Fernandes dos Santos, junto com o superintendente da ABCG, Geraldo Justo. Santos foi desligado em dezembro do ano passado, depois de descoberta a participação na suposta fraude. Já o superintendente continua no cargo.

Com o “mal entendido”, o presidente da ABCG, Wilson Teslenco, assinou uma declaração em que afirma que a empresa Girogaz “na realidade não forneceu, em tempo algum, ‘oxigênio líquido criogênico’ a esta Associação Beneficente de Campo Grande (...) desta forma, o atestado de capacidade técnica não corresponde exatamente a verdade dos fatos, fruto de lamentável equívoco da nossa Gerência de Manutenção”. Este documento consta nos autos do processo.

O atestado de capacidade técnica data do dia 3 de dezembro de 2013. Vinte dias depois, em 23 de dezembro, Teslenco redigiu uma carta declarando que o atestado era falso.A Girogaz entrou com recurso e, novamente, em um segundo pregão, foi desclassificada, desta vez por uma restrição no alvará sanitário. A empresa não teria licença para envasar gases medicinais.Jogo de empurra - A Girogaz, por sua vez, alega no recurso que a Gilson Rodrigues, a concorrente, não atendeu o edital em diversas exigências, e elenca diversas irregularidades: a empresa não teria licença da Anvisa para produzir gases medicinais, além de a autorização do Imasul para atividade da empresa não ser relacionada ao objeto da licitação.Outro questionamento é em relação ao preço ofertado no pregão pela Gilson. O lance final da empresa foi de R$ 2,322 milhões, valor 40% maior do que o proposto pela Girogaz, de R$ 1,622. Causa prejuízo de R$ 700 mil ao erário e fere a saúde pública e seus usuários, diz a recorrente  no recurso.Sobre a suposta prática de falsidade ideológica, a Girogaz afirma que o atestado da Santa Casa é verdadeiro, e o equívoco está no fato de que a empresa fornecia oxigênio normal, e não oxigênio líquido criogênico.Licitação – Em julho do ano passado, o Hospital Regional abriu o pregão eletrônico 0775/2013, que prevê o contrato de R$ 2,320 milhões para fornecimento de oxigênio líquido criogênico por 360 dias. Participaram da concorrência a empresa Girogaz Comercial de Oxigênio Ltda, a Gilson Rodrigues Almeida Oxigênio e a AirLiquid Brasil Ltda. 

O diretor do Hospital Regional, Rodrigo Aquino, disse ao Campo Grande News que a licitação está em fase recursal, mas afirma não ter conhecimento de qualquer falsificação de documento em torno do processo. Ele ressalta, ainda, que o fornecimento de gás está normal e garantido até a data do vencimento do contrato com a atual fornecedora, a Gilson Rodrigues, no dia 26 de março. Se por ventura for constatada qualquer tipo de irregularidade, como esta falsificação, que seja devidamente apurada e os responsáveis punido conforme prevê a lei, acrescenta o diretor. Por meio da assessoria de imprensa, a Santa Casa reforçou que ao tomar ciência do fato emitiu nota informando que a Girogaz em nenhum momento forneceu para o hospital. Sobre a investigação do Ministério Público, a assessoria afirma que vai se posicionar caso seja notificada, além de colaborar com o trabalho do órgão.

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