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Mãe buscou cura e feriu criança por “ignorância”, investiga polícia

Após depoimentos e laudo, apuração afasta hipótese de estupro contra menina de 3 anos; mesmo assim, família pode ser punida.

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Campo Grande News

Depois de ficar presa por seis dias, a mãe da menina de 3 anos que sofreu queimaduras de 2º grau e lesões no ânus durante suposto ritual de cura, ganhou o direito de responder ao inquérito, aberto pela DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Aquidauana, em liberdade.

No dia 6 de janeiro, a Polícia Civil foi chamada por médico que atendeu a criança e suspeitou que a paciente havia sofrido violência sexual. Hoje, porém, depois de ouvir a mãe, por mais de uma vez, coletar o depoimento do padrasto e do profissional de saúde que recebeu a menina no Hospital Regional de Aquidauana, a principal linha de investigação da delegada Karen Viana de Queiroz, responsável pelo caso, é que a mãe tenha ferido a filha por “pura ignorância”.

A lesão [anal] é igual [às de estupro], mas agora os depoimentos vão contextualizar. Qual foi o objetivo? Se libidinoso ou não”, explicou a delegada.

Foi a mãe da criança quem chamou o médico responsável pelo atendimento aos indígenas aldeados da região e esse profissional, ao mesmo tempo em que enviou a menina para o hospital, acionou a polícia. Naquela dia, a mulher foi presa.

Num primeiro momento, a mãe disse que o padrasto havia abusado da filha. A polícia foi atrás dele, na fazenda onde trabalha, e o mesmo negou a acusação. O homem revelou que a mãe e a avó materna da menina haviam levado a criança em um curandeira.

Confrontada, a mulher admitiu ter mentido sobre o companheiro. Disse que a filha estava constipada há pelo menos 10 dias e por isso, procurou tratamento alternativo. A curandeira fez a menina se sentar em tijolos quentes e a mãe afirma que assim que percebeu que a filha estava se queimado, a pegou no colo. 

A criança teve queimaduras graves. Mas, ainda supostamente em tentativas de fazer a criança defecar, a mulheres manusearam um palito de madeira (desses usados para fazer as unhas) e introduziram o dado no ânus da criança. Por isso, ele apresentava sangramento quando chegou ao hospital.

A vítima passou por lavagem intestinal e teve os ferimentos tratados no hospital. Ela foi encaminhada para abrigo pelo Conselho Tutelar.

Ainda segundo a delegada, outras evidências de que a criança não teria sido estuprada são que ela tem histórico de constipação e exames não detectaram lesões na vagina.

De qualquer maneira, a mãe pode ser sim responsabilizada pelos maus-tratos. “Colocou a criança em sofrimento”.

Dentre outras providências formais, para concluir a investigação, a polícia começa a ouvir hoje mais testemunhas, a sogra da mulher presa, a mãe dela, a curandeira e o primeiro médico que atendeu a menina. 

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