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Pedreiro ameaçou parentes de mulher e filhos que prendeu por 22 anos em Campo Grande

O pedreiro Ângelo da Guarda Borges, de 58 anos, que manteve a esposa em cárcere privado durante 22 anos, e também mantinha os filhos de 15, 13, 11 e de 5 anos trancafiados em uma casa no Bairro Aero Rancho, já havia ameaçado familiares da esposa há 15 anos atrás, de acordo com a delegada Rosely Molina da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

“Há depoimentos que ele fez ameaças armado aos parentes da mulher. O pai dela foi ouvido, disse que tinha conhecimento, mas tinham medo”, diz a delegada Molina.

De acordo com a delegada, o pedreiro que responderá por sequestro, cárcere privado e ameaça, negou os fatos e contou que deixava os filhos trancados para preservá-los da violência da rua e que não virassem marginais.

Na residência não havia energia elétrica e a família fazia as necessidades fisiológicas em um buraco. O pedreiro foi preso por volta do meio-dia desta quarta (18) quando voltava para almoçar.

De acordo com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), os filhos de 15, 13, 11 e de 5 anos também viviam trancados em casa, mesmo com os de 15 e 11 estarem na escola.

Ainda de acordo com a polícia, as crianças que não saíam do cárcere chegaram a ficar impressionadas por conta da cidade e dos prédios.

Vizinhos

Procurados pela reportagem vários vizinhos afirmaram que ouviam os gritos da mulher e sabiam que as crianças não podiam sair de casa, mas que não podiam fazer nada. “A gente não podia se meter”, uma vizinha disse.

Outra vizinha afirmou que sempre que podia tentava ajudar a mulher dando comida para ela e para as crianças, mas que a última briga foi causada justamente por isso. “Eu dava pão para ela e as crianças comerem e o que sobrava eles guardavam. Mas no domingo o homem descobriu o pão e bateu nela. A gente sempre ouvia os gritos de socorro”, conta.

Em outras vezes a vizinha ainda disse que a mulher ia até a casa dela, mas sempre quando o marido não estava, porque ela não podia conversar com ninguém. “Uma vez ela me trouxe uma panela suja e me pediu arroz. Ela me disse que o marido tinha feito as compras bêbado e que ela não tinha o que pôr em casa”, explica.

Ela também fala que as crianças nunca eram vistas na rua e que não conheciam coisas básicas, como suco de caixinha e iogurte. “Eu trazia para eles e eles ficavam encantados, a gente passava pelo muro e sempre quando o marido não estava em casa”.

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