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Prefeita de Corguinho tem chamado atenção ao levar o filho recém-nascido para as agendas de trabalho

Pedro Miguel tem espaço reservado no gabinete da prefeita de Corguinho, com berço e horários certos de mamada.

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Prefeita assinando contrato na tarde desta terça-feira (4) com governador Eduardo Riedel (PSDB). (Foto: Paulo Francis)

A prefeita de Corguinho, a 88 quilômetros de Campo Grande, tem chamado atenção ao levar o filho recém-nascido, Pedro Miguel, para as agendas de trabalho. Marcela Ribeiro Lopes (PSDB), que não aderiu à licença-maternidade, voltou ao trabalho uma semana após o nascimento da criança.

Pedro já visitou pontes quebradas após temporais, viu a mãe cumprir expediente na Prefeitura de Corguinho e segue pegando estrada até para assinar contrato com o governador Eduardo Riedel (PSDB), como ocorreu na tarde desta terça-feira (04), na Governadoria, durante assinatura de convênio para liberação de repasses a 19 municípios em estado de emergência após as chuvas.

Marcela assinou o contrato com Pedro no colo e, durante a entrevista, fez pausas para acalmar o pequeno entre um chorinho e outro. Mas em boa parte do tempo, o menininho se manteve calmo e sorriu no colo da mãe. 

Pedro nasceu no dia 9 de fevereiro e, segundo a prefeita, sua intenção era ficar afastada por 15 dias, mas devido às fortes chuvas que atingiram a cidade, acabou antecipando o retorno. Em entrevista, a mãe afirmou que decidiu abrir mão do resguardo por escolha própria e para acompanhar de perto a situação do município.

“Eu gosto de acompanhar de perto. Fiquei muito preocupada com a situação do meu município, que teve grande prejuízo causado pela chuva. A gente sabe que a chuva é necessária, mas infelizmente estradas e seis pontes foram danificadas. Como medida, tive que suspender as aulas por 10 dias”, diz Marcela Ribeiro Lopes. E ficar de fora nunca foi uma opção. “Pelo perfil de sempre estar envolvida nas obras, ninguém esperaria algo diferente de mim”, afirma. 

Pedro tem espaço garantido no gabinete com berço e horários certos das mamadas. Depois ele fica com o pai, mas sempre que as agendas surgem, ele está na companhia de Marcela.

A prefeita diz que o filho fica tranquilo por onde passa e ri sobre a hipótese do filho ser um futuro prefeito. “Ou ele vai gostar muito de política ou vai odiar”, brinca.

A presença dos filhos durante suas atividades não é uma novidade na vida de Marcela, formada em Enfermagem. Durante o período da faculdade, ela foi mãe solo e levou seus outros dois filhos para as aulas e chegou a brigar para que eles estivessem presentes na apresentação do TCC. "Eu tive muito apoio de muitos professores, mas um deles disse que eu ficaria encalhada com dois filhos e perguntou como eu iria pagar as contas? Mas eu disse que ia conseguir", relembrou.

Apesar de abrir mão do resguardo e ter uma rede de apoio, a prefeita sabe que essa não é a realidade da maioria das mulheres no Brasil.

A Constituição Federal assegura o direito à licença-maternidade, mas não detalha para quais as trabalhadoras. Como ela é uma agente política, Marcela escolheu não reivindicar o seu direito. Mas, em muitos casos, como falta clareza sobre a licença-maternidade aos cargos eletivos, existe um temor de perder o cargo.

Para a prefeita, a ida do filho nas agendas é também uma maneira de falar com as mulheres sobre o direito delas de estarem em lugares de poder e também lutar contra o preconceito e o machismo ainda presentes na sociedade, já que todo dia alguém coloca seu trabalho em cheque pelo fato de ser mulher. "Eu acredito que isso tem que ser mais conversado mesmo porque toda vez que entra período eleitoral não atingimos o teto mínimo de mulheres, por conta do receio e do preconceito com a mulher no poder. Mas a gente não pode deixar isso vencer", destacou. 

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