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Postos em MS apontam dificuldades para aplicar redução da Petrobras

Petrobras reduziu preços do diesel e gasolina para as distribuidoras.Postos dizem que preços estão defasados e margens apertadas. 

Um cenário de preços defasados e margens muito apertadas no setor deve dificultar ou até mesmo impossibilitar que a redução pela Petrobras dos preços da gasolina e do diesel nas refinarias desde sábado passado (15), chegue aos consumidores em Campo Grande, segundo análise de gestores e proprietários de postos de combustível da cidade.

A Petrobras promoveu a redução de 3,2% no preço da gasolina vendida pelas refinarias as distribuidoras e de 2,7% do valor do diesel. No anuncio desta nova política de preços, a estatal apontou que a retração poderia ou não se refletir no valor final dos combustíveis e que isso dependeria dos outros integrantes da cadeia, no caso, as distribuidoras e os postos.

A empresa chegou a apontar que se a redução fosse integralmente repassada, o preço do diesel poderia cair 1,8% ou cerca de R$ 0,05 por litro e a gasolina 1,4%, ou 0,05 por litro.

O empresário Hebert Quaresma, proprietário de dois postos de combustível na cidade, o Santa Rita, no bairro Vila Cidade, e o São Miguel, no bairro São Jorge da Lagoa, por exemplo, diz que ainda não se inteirou totalmente no assunto e nem fez os cálculos para analisar a viabilidade do repasse da redução. Entretanto, aponta que em Campo Grande a situação do setor é muito complicada para que ocorra a redução.

Ele explica que devido a grande concorrência, os postos da cidade estão trabalhando com margens muito apertadas, alguns empreendimentos acumulando até mesmo prejuízos, e que se confirmadas algumas projeções que indicam que a redução aplicada pela Petrobras se traduziria para os revendedores em apenas R$ 0,02 por litro, no caso da gasolina, é quase impossível repassá-la para os consumidores.

“Se confirmado o que estão dizendo, não tem como. Porque ao mesmo tempo que reduziu o preço na  refinaria aumentou o do frete em R$ 0,01 por litro, somente ai já anula em R$ 0,01 o valor da redução. Houve ainda recentemente uma elevação na pauta fiscal [valor de referência para tributação] do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] dos combustíveis no estado. Na minha avaliação, nesse cenário, entendo essa redução como a recuperação de um pouco da margem do setor”, explica.

O empresário ilustra o momento do segmento em Campo Grande citando o exemplo de um dos seus postos. “O posto Santa Rita estava fechado há dez anos. Há três meses decidi reabri-lo e para chamar o consumidor, mostrar que voltava a atividade, estamos fazendo uma ação promocional colocando o preço da gasolina em um valor muito baixo, R$ 3,1599 o litro, um dos mais competitivos da cidade. Estamos bancando o prejuízo, por uns dois meses para voltar ao mercado”, explica.

Aguardando informaçõesEnquanto Quaresma praticamente descarta fazer o repasse, o grupo Saito, que tem uma rede com quatro postos em Campo Grande, aguarda um comunicado oficial das distribuidoras com quem trabalha para analisar a viabilidade de promover ou não algum tipo de redução nos preços da gasolina e do diesel.

O gerente geral da rede, Luciano Maeda, diz que até a manhã desta segunda-feira (17) ainda não havia recebido nenhuma comunicação oficial das distribuidoras falando da redução de preços. “Quando recebermos vamos avaliar, mas se for de R$ 0,01 a R$ 0,02 não tem como. Se for de R$ 0,05 a R$ 0,10 ainda podemos conseguir aplicar alguma coisa, mas temos que fazer os cálculos primeiro”, ressalta.

Contra a aplicação da retração de preços, Maeda cita como um dos principais argumentos, os dois aumentos que o setor absorveu recentemente. “Em setembro houve um aumento de R$ 0,05 a R$ 0,07 no preço da gasolina, provocado pela alta do etanol anidro, e que nós absorvemos integralmente, não repassamos ao consumidor. Houve ainda, no mesmo período uma alta de R$ 0,15 no litro do etanol hidratado. Nesse caso absorvemos a maior parte, R$ 0,10 e repassamos R$ 0,05”.

Assim como Quaresma, ele comenta que a elevada concorrência, vem pressionando as margens dos postos na cidade. “Até poucos dias atrás Campo Grande tinha o menor preço da gasolina entre todas as capitais. Mesmo com toda a nossa gasolina sendo comprada em Paulínia, o que faz com que paguemos caro pelo frete, e com um ICMS de 25%, tínhamos preços melhores que os de cidades mais próximas a refinaria e que pagam uma alíquota de imposto menor, o que dá a dimensão da concorrência que enfrentamos na cidade”.

Ele revela ainda que em vez de uma redução no preço da gasolina e do diesel, o consumidor em Campo Grande pode ser surpreendido nos próximos dias por um aumento no preço do etanol hidratado, que é utilizado pelos veículos flex e os 100% dedicados. “O indicador Cepea/Esalq [Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz] já aponta para um aumento no preço do etanol nos próximos dias, provocado por uma entressafra prematura de algumas usinas. Esse aumento deve ficar entre R$ 0,10 e R$ 0,15”, aponta.

Procurado pelo G1 para comentar sobre a redução anunciada pela Petrobras nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS) diz que não poderia analisar o assunto já que se trata de uma questão de mercado.

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