Mais de oito milhões de pessoas estão desempregadas em todo o país e o ritmo de demissões cresceu nos últimos meses. É o que revelou a Pnad, a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio, divulgada nesta quinta-feira (9) pelo IBGE.
Dilma nunca imaginou que pudesse ser mandada embora, depois de 20 anos na mesma empresa. Ela é formada em administração, com pós-graduação e várias especializações na área de recursos humanos, mas o currículo qualificado não foi garantia de emprego.
Em janeiro, aos 53 anos, veio a demissão. Fui dispensada por conta dessa crise toda. A empresa que eu trabalhava fez a dispensa e de janeiro pra cá eu venho tentando me inserir no mercado, conta.
De lá pra cá foram seis entrevistas de emprego e sempre a mesma resposta. A vaga não existe mais, que não vão mais contratar, diz. O plano B é ser corretora de imóveis. Ela fez curso pra isso, mas até agora nada.
A desaleração da economia está impactando cada vez mais no mercado de trabalho. As pessoas estão ficando desempregadas, não conseguem encontrar um emprego e as empresas não conseguem contratar, comenta Rodrigo Leandro de Moura, economista/FGV.
De março e maio do ano passado, a taxa estava em 7%. No mesmo período deste ano, saltou pra 8,1%, o que representa 1,3 milhão de novos desempregados.
A pesquisa também mostra que a população ocupada continua estável: 92,1 milhões. E que muita gente que perdeu o emprego está trabalhando por conta própria ou virou empregador. Ao perderem seus empregos, elas precisam se virar, arrumar um bico ou começar a ter um empreendimento, avalia o economista.
Para os economistas o momento é difícil, mas há perspectivas de que melhore. Se a economia começar a crescer no final de 2016, então pode ser que em 2017 o desemprego volte a cair lentamente, comenta Moura.
Os setores que mais demitiram nesse trimestre analisado pelo IBGE:
AgriculturaPecuáriaConstrução civilAdministração pública
A indústria automobilística está demitindo, mas o setor aparece como estável na pesquisa, porque já vinha demitindo deste antes, então o ritmo de demissões não se alterou nessa pesquisa trimestral.
O número de pessoas desempregadas que estão tentando sobreviver como autônomos, por conta própria, cresceu 4,4%, o que representa 934 mil pessoas.
O número de carteiras assinadas caiu 1,9%. Ou seja, mais de 700 mil pessoas ficaram sem registro na carteira de trabalho.
Já o salário médio do brasileiro se manteve estável em relação ao mesmo período o ano passado. Entre março e maio de 2014 era de R$ 1.870, agora ficou em R$ 1.863.
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