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Pelé espera que manifestações não estraguem tudo durante Copa do Mundo

O Rei Pelé, tricampeão do mundo, declarou em entrevista exclusiva à AFP que o Brasil vai trabalhar duro para que as manifestações não estraguem tudo durante a Copa do Mundo-2014 (12 de junho-13 de julho).

O eterno camisa 10 da seleção brasileira esteve em Paris acompanhando o Tour da taça do Mundial como embaixador da Coca Cola, patrocinadora do evento.

- A três meses da Copa do Mundo do Brasil, já dá pra ficar ansioso?

Sim. Esse torneio é uma grande oportunidade, será fantástico para o Brasil e é muito importante ter uma grande organização para a competição.

- A organização do Mundial passa justamente por sérias dificuldades. Isto não é preocupante?

É um das áreas que mais nos preocupam, mas depois da experiência da Copa das Confederações (em 2013), o governo se organizou melhor e se mostrou mais presente. Espero que tenhamos uma excelente Copa do Mundo. Nós merecemos.

- O senhor teme manifestações sociais durante o torneio parecidas com as que se propagaram pelo Brasil durante a Copa das Confederações?

Como brasileiro, eu fico triste. Temos duas grandes oportunidades de mostrar nosso país ao mundo com a Copa e os Jogos Olímpicos (em 2016 no Rio de Janeiro). É uma oportunidade para o país ganhar dinheiro, de desenvolver o turismo e é importante que as manifestações não estraguem tudo isso, então vamos trabalhar duro.

- A seleção brasileira acaba de golear a África do Sul em amistoso (5-0), com três gols de Neymar. O senhor acha que a equipe está pronta para a Copa?

Estamos acostumados a ver o Brasil marcar muitos gols, mas uma Copa do Mundo é muito diferente. É um torneio curto, que dura apenas um mês. Resultados como este são bons para dar confiança, mas não querem dizer que o Brasil vai ser campeão do mundo. Temos que ficar atentos porque há grandes equipes no momento: a Alemanha, que joga muito bem, e a Espanha, que precisa ser respeitada porque atua com o mesmo grupo de jogadores há oito anos.

A Argentina tem grandes atacantes, mas não parece ser uma equipe organizada. Quando você vê o Messi, ele não joga da mesma maneira no Barcelona e na Argentina. No Barça, há grandes jogadores como Xavi e Iniesta, que estão lá para ajudá-lo. Na seleção, ele tem dificuldade de evoluir com os companheiros, é um Messi completamente diferente. Veremos se eles estarão prontos para a Copa do Mundo.

- Quem serão as estrelas desta Copa do Mundo?

É difícil de responder, principalmente porque as pessoas costumam esquecer de excelentes goleiros ou de meias porque estão focados nos atacantes. Por exemplo, sempre me perguntam qual jogador eu admiro, e eu sempre respondo Zidane. Ele podia jogar no meio, na frente, sabia cabecear, era um jogador completo em campo. Às vezes, alguns jogadores são admirados só por marcar um gol. No Brasil, nós temos Neymar, nossa maior esperança, mas será sua primeira Copa do Mundo e ninguém sabe o que vai acontecer.

- Neymar, aliás, parece carregar uma grande responsabilidade no Brasil.

R: Ele tem uma grande responsabilidade. Jogar na Europa, na Espanha, foi a melhor coisa que Neymar fez. É como se ele tivesse ido para a faculdade antes de voltar ao Brasil para a Copa, porque ele vai acumular experiência e isso é fantástico para ele. Mas a pressão não será somente sobre ele, será sobre toda a equipe. O país quer vencer e não quer pensar em derrota. Tivemos uma experiência ruim em 1950, quando perdemos para o Uruguai (na final do Mundial) em casa e as pessoas temem que isso se repita, mas acredito que desta vez será diferente.

R: É preciso respeitar a história. Nas últimas três vezes que enfrentamos a França na Copa do Mundo, nós perdemos. Eu tive sorte, já que eu ganhei contra ela (nas semifinais do Mundial de 1958). A França tem muita experiência, e não é presa fácil porque tem muitos bons jogadores.

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