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Mulher que empregou Marina como doméstica no Acre diz que pedirá votos

No endereço de classe média do bairro do Bosque, em Rio Branco, onde Marina Silva (PSB) trabalhou como doméstica na adolescência, a antiga patroa da hoje candidata diz que pedirá votos para a acriana que ela acolheu na década de 1970 para ajudar no serviço de casa.

“Estou à disposição”, afirma Terezinha Lopes, atualmente com 81 anos e que chegou a transformar sua residência em comitê voluntário na primeira eleição presidencial de Marina, em 2010.

Foi nesse mesmo local que Marina, aos 16 anos e após a morte da mãe, passou a morar depois de sair do seringal Bagaço, a 70 km de Rio Branco, para a capital do Estado. A hoje candidata partiu em 1974 em busca de tratamentos para a saúde debilitada, com planos de estudar e de se dedicar à vida religiosa.

Para se sustentar, procurou trabalho como doméstica na casa de Terezinha após conhecer a filha dela, Silene - que já morreu. “Minha filha disse: Ela ia pra casa das freiras, a senhora não precisa de alguém pra ajudar no serviço?’”

Com marido e oito filhos em uma casa que era simples na época (de madeira, teto de palha e dois cômodos), Terezinha conta que tinha uma vida “aperreada”, mas decidiu mesmo assim receber a jovem.

“Ela era tão magrinha que eu olhei e disse: Ela vai se quebrar, coitada, a bichinha não vai aguentar nada, não”, relembra a ex-patroa. Entre suas tarefas, cuidava da roupa e ajudava na cozinha. “Foi aqui que ela aprendeu a fazer feijão, temperar bife”, afirma.

Filho mais velho da família, Heimar Lopes, 63, afirma que Marina aguentou serviços mais pesados. “Ela lavava até minhas roupas. Eu era técnico agrícola. Chegava do mato com a calça enlameada, dura. E quem lavava era a Marina”.

Ao fim do trabalho, Marina gostava de brincar com a amiga Silene, com quem compartilhava o sonho de ser freira - antes de se tornar evangélica. “Elas colocavam fraldas das crianças na cabeça, montavam um altar com uma madeira improvisada, espalhavam santinhos de papel e rezavam”, recorda Terezinha.

À noite, Marina estudava. Foi nessa época, aos 16 anos, que se alfabetizou pelo Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização). Pouco mais de um ano depois, deixaria a casa para continuar os estudos, quando se envolveu com movimentos sociais e políticos.

Comitê

Na casa onde Marina trabalhou como doméstica, hoje reformada e ampliada, um adesivo de campanha colado na porta da sala ainda é resquício de um dia que segue na memória de Terezinha. O local foi escolhido em 2010 como a primeira “Casa de Marina”, comitê voluntário da ex-ministra naquela eleição. Foi palco de festa, visitas desconhecidas e fogos.

Em 2014, quando Marina se tornou candidata a vice na chapa de Eduardo Campos, a ex-patroa ficou animada com a notícia de que receberia mais uma visita - desta vez para a inauguração da “Casa de Eduardo e Marina”.

Mas, poucos dias antes do evento, em julho, Terezinha foi avisada de que o comitê seria montado em outra casa. “Não sei se é porque aqui não tem espaço. Desmancharam”.

O candidato a deputado estadual pelo PSB Júlio Eduardo Gomes, que organizou a ida dela ao Acre, diz que a coordenação da campanha preferiu a casa de alguém sem contato específico com Marina.

Terezinha lamenta, mas diz que não abala sua vontade de fazer campanha, mesmo em casa. “Pela minha idade, meus filhos não me deixam sair sozinha, mas aqui falo para todo mundo votar nela”.

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