Buscar

Espancada na porta de casa, estudante espera há 6 meses punição do ex-namorado

Agressão filmada por câmeras de vizinhos foi denunciada em 31 de dezembro e até agora investigação não andou.

Cb image default
Divulgação

Seis meses separam a noite do pesadelo vivido pela estudante de 19 anos nas mãos do ex-namorado, de 24 anos, O sentimento, no entanto, não mudou muito. A injustiça, a dor e humilhação que é compartilhada por milhares de mulheres vítimas de agressão pelos companheiros todos os dias no Brasil, é revivida a cada dia sem resposta da polícia sobre a violência, que para ela sequer deveria ser questionada.

É que parte das agressões foram filmadas. As câmeras de segurança na casa do vizinho serviram de prova para o que aconteceu na madrugada do dia 31 de dezembro do ano passado. As imagens contam o desfecho da discussão que começou horas antes, na casa de amigos do casal e marcam o ápice de um relacionamento abusivo.

Durante os mais de um ano de namoro, o rapaz apresentou um comportamento “explosivo”, diz a vítima que terá o nome preservado. Nas discussões, "socava a parede e gritava", mas até aquele dia, nunca tinha encostado na namorada. O clima do namoro, no entanto, era de medo. “No dia 30 de dezembro fomos pra casa de um amigo dele e discutimos. Ele começou a se alterar muito, de uma forma que eu já conhecia e senti medo pela reação dele, então decidi ir embora pra casa sozinha”.

A jovem tentou, mas foi impedida pelo ex. De forma violenta, o estudante jogou a namorada no banco de trás do carro e falou que ele mesmo ia deixá-la em casa. Durante todo o caminho ele gritou com a vítima e dirigiu pela cidade em alta velocidade. Ela tentou sair do carro, mas foi segurada.

A partir do momento em que chegam à casa da jovem, o crime passa a ser registrado pelas câmeras. Como mostram as imagens, a vítima saí do banco traseiro e vai até o portão. O suspeito desce logo em seguida, bate no rosto da namorada, a puxa pelos cabelos e a joga no chão para impedir que ela toque a campanha. “Pedia pra ele não chegar mais perto de mim, ir embora já que eu já estava em casa, mas ele ainda assim veio pra cima de mim”.

A vítima rola no chão e é colocada pelo namorado perto do portão, sentada no chão. Eles continuam a discussão e ele tentar novamente impedir que ela toque a campainha. “Fraturei um dente e o osso maxilar, tive que fazer vários procedimentos depois. Fora todas as marcas no corpo, arranhados no pescoço”. 

O caso foi denunciado no dia 31 de dezembro. A vítima passou por exame de corpo de delito e entregou as imagens à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher), mas conta que até agora não teve resposta sobre as investigações, mesmo com todas as provas do crime.

“Fiz o boletim de ocorrência, mas até hoje não tive nenhuma posição da delegacia. Sinto que ele está impune”, desabafa. Paralelo a isso, ainda precisa conviver com a descrença de quem escuta a história. “As pessoas que ouvem o lado dele acreditam que eu tropecei”.

Segundo a jovem, o rapaz já foi denunciado pelo mesmo crime por outra namorada, em 2018. “Não deu em nada e eu não gostaria que fosse da mesma forma dessa vez”.

Conforme a vítima, a mãe do ex-namorado é policial civil e um dos temores é que isso influencie na investigação. “Me sinto totalmente desamparada, sinto que a justiça no Brasil falha muito em relação as mulheres. Muitos dizem que é só denunciar, mas não é tão simples assim. A gente fica meses esperando pelo mínimo e nem resposta pra isso temos. É triste, ainda mais por pensar que isso pode acontecer com qualquer outra simplesmente pela justiça não ter sido feita”.

O medo da história se repetir, da mesma dor ser sentida por outra mulher é o que motiva a estudante a denunciar e a continuar na luta por justiça. “Nenhuma mulher merece passar pelo que eu passei e pelo que tantas passam todos os dias. Eu graças a Deus consegui sair disso, mas sei que muitas estão presas e não conseguem nem pedir ajuda. Não são só danos físicos, tem os danos psicológicos também e é doloroso demais”.

A reportagem entrou em contato com a Deam e com a Polícia Civil para entender em que fase está a investigação e aguarda resposta. 

PGlmcmFtZSBpZD0iX2w5ZHB3NzdvYyIgc3JjPSIiIGZyYW1lYm9yZGVyPSIwIiBhbGxvd2Z1bGxzY3JlZW49IiI+PC9pZnJhbWU+

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.