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Morte em lava-jato: Acusados de matar Wesner são condenados a 12 anos de prisão

Seis anos depois, Willian e Thiago passaram pelo Júri, mas entraram com recurso e vão continuar respondendo em liberdade

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(Foto: Nathália Alcântara / Midiamax)

Seis anos depois de Wesner Moreira ser morto ao ter mangueira de ar comprimido introduzida ao corpo em lava-jato de Campo Grande, os acusados Willian Enrique Larrea e Thiago Giovanni Demarco Sena foram condenados a 12 anos de prisão por homicídio qualificado doloso.

Contudo, a defesa dos acusados interpôs recurso e a dupla irá responder em liberdade até esgotarem-se os recursos.

Antes da entrada em plenário, a mãe de Wesner, Marisilva Moreira da Silva, falou com o Jornal Midiamax e disse: "Meu luto, virou luta". Ela ainda revelou que não conseguiu dormir e passou a noite acordada a base de chás e orando muito.

Ela contou que o coração dela ficou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital junto do filho. E fala da alegria do julgamento ter sido marcado, já que os autores achavam que nada ia acontecer.

Marisilva ainda disse que na época os autores alegaram que era uma ‘brincadeira’, mas segundo ela, então, deveriam ter feito entre eles. Ela lembra da brutalidade do caso, “tiraram o sonho dele de servir o quartel e o meu de ter netos”. Marisilva lembra que Wesner faria 24 anos no próximo dia 7 de junho.

Familiares e amigos lotaram o plenário do Júri e a mãe fez oração antes do veredito do júri.

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Mãe de Wesner abraça Patrícia, prima de segundo grau, após veredito do júri. (Foto: Ana Oshiro / Midiamax)

Reação

Em oração antes do veredito do júri, a mãe de Wesner ficou contente com a condenação. "Por mim eles ficariam o resto da vida na cadeia. Nunca mais vai mexer com o filho de ninguém", exclamou.

"Hoje é um grito de liberdade. Deus prometeu pra mim que hoje ele ia me dar. Deus é fiel. Vocês são muito importantes na vida de uma mãe que sofreu tanta dor. Ele foi trabalhar e voltou dentro do caixão. A verdade prevalece. O júri votou com o coração, com a verdade", comemorou.

'Dois idiotas' e pegadinha

Em determinado momento do júri, a defesa, que insistia na tese de que tudo não passou de uma brincadeira infeliz, exibiu pegadinha do programa Silvio Santos para tentar alegar que os acusados estariam apenas reproduzindo brincadeiras que viram na TV.

Atuaram na defesa os advogados Ricardo Trad Filho, Francisco Martins Guedes Neto e Abdala Maksoud Neto.

Já o advogado Francisco Guedes afirmou que a denúncia é cruel, irresponsável e “cheia de achismos”. “Dois idiotas, isso eles são, infelizes por brincarem da forma como ocorreu, mesmo sem ter consciência do que podia gerar. Mas monstros? Assassinos cruéis?”, disse.

https://youtube.com/watch?v=0UQkAybbZ58%3Ffeature%3Doembed

O advogado ainda afirmou que isso poderia ter acontecido com qualquer um. Ele ainda enfatizou que tudo não passou de uma brincadeira. “Brincadeiras idiotas acontecem sempre”, reafirmou.

Além disso, o advogado chegou a exibir vídeos de ‘pegadinhas’, para exemplificar o que seria considerado uma brincadeira. “Foi uma brincadeira. Mas houve introdução da mangueira? Não houve. Isso foi invencionismo do Ministério Público e da imprensa”, finalizou.

Wesner confirmou que teve mangueira introduzida ao corpo antes de morrer

Em depoimento, o técnico em enfermagem lembrou das palavras da vítima. Wesner disse ao médico que teve a mangueira de ar introduzida no corpo.

Segundo relato do técnico de enfermagem do CRS (Centro Regional de Saúde) do Tiradentes, para onde Wesner foi levado no dia do crime, ele lembra que o jovem contou ao médico o que tinha acontecido.

Júri acontece 6 anos após o crime

“Meu luto, virou luta”, disse a mãe de Wesner antes de entrar no plenário. Ela ainda revelou que não conseguiu dormir e passou a noite acordada a base de chás e orando muito.

Marisilva contou que o coração dela ficou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital, junto do filho. Ela fala da alegria do julgamento ter sido marcado, já que os autores achavam que nada ia acontecer.

A o Midiamax, a mãe de Wesner ainda disse que na época os autores alegaram que era uma ‘brincadeira’, mas segundo ela, então, deveriam ter feito entre eles. Ela lembra da brutalidade do caso, “tiraram o sonho dele de servir o quartel e o meu de ter netos”.

Wesner faria 24 anos no próximo dia 7 de junho. A mãe do rapaz também contou que o filho só ficou vivo até revelar o que tinha acontecido para ela, morrendo dias depois. O irmão de Wesner, Luciano Gonçalves, de 26 anos, falou estar muito ansioso e emocionado e que acredita que tudo vai dar certo.

Morte de Wesner

O crime aconteceu no dia 3 de fevereiro de 2017. Na noite do dia 2, Wesner afirmou para a mãe que pegaria carona com Thiago, um dos acusados pelo crime. “Ele falou, mãe me acorda bem cedo que o Thiago vai vir me buscar para ir ao serviço”.

“No outro dia, quando o Thiago estava batendo na porta, senti até uma coisa ruim, mas meu filho foi”, conta Marisilva. Segundo a peça acusatória, na data de 3 de fevereiro de 2017, por volta das 10 horas, no Lava Jato, localizado na Avenida Interlagos, na Vila Morumbi, a dupla introduziu uma mangueira de ar no ânus de Wesner, causando-lhe ferimentos e em seguida sua morte.

Wesner teria pedido para Willian que comprasse um refrigerante e o mesmo questionou: “De novo? Agora toda hora Coca-Cola!”, e passou a bater na vítima com um pano utilizado para limpar carros, em tom de brincadeira.

Ainda conforme o processo, Wesner pediu para que ele parasse, mas não foi atendido. Em certo momento se afastou, mas foi imobilizado por Willian que o levou até Thiago, que por sua vez, com a mangueira de compressor de ar, retirou a bermuda e cueca da vítima e introduziu o equipamento em Wesner.

Imediatamente o adolescente começou a passar mal e vomitou, sendo levado ao Centro Regional de Saúde do Bairro Tiradentes e, posteriormente, ao Hospital Santa Casa, onde permaneceu internado até dia 14, quando morreu. O laudo apontou que o óbito foi causado por ruptura do esôfago e choque hipovolêmico por hemorragia torácica aguda maciça.

Quando a mãe ficou sabendo, o filho já estava no hospital. “Estava muito inchado, irreconhecível”, relata. “Fiquei esperando ele melhorar, quando um dia me contou o que aconteceu. Falou que eles sempre faziam esse tipo de brincadeira com ele e, na última vez, um deles laçou ele com pano molhado e o outro colocou a mangueira”, lembra a mãe.

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