Publicado em 23/02/2022 às 13:25, Atualizado em 23/02/2022 às 17:29

“Não há chance de pena de morte”, diz advogado de brasileira presa por tráfico na Tailândia

O criminalista, junto a duas advogadas de Pouso Alegre (MG), assumiu o caso da brasileira presa no último dia 14

IstoÉ ,
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Divulgação

A jovem Mary Hellen Coelho da Silva, de 22 anos, presa com outros dois brasileiros por tráfico de drogas na Tailândia, não corre risco de enfrentar o corredor da morte no país, segundo o advogado Telêmaco Marrace. O criminalista, junto a duas advogadas de Pouso Alegre (MG), assumiu o caso da brasileira presa no último dia 14, no aeroporto de Bangkok.

“Na Tailândia, não se aplica esse tipo de punição [pena de morte] no tipo de droga que ela estava levando, que possivelmente era cocaína. A última legislação do país diz claramente que apenas o tráfico de heroína gera essa condenação”, explicou Marrace ao Uol.

Conforme o advogado, Mary Hellen não tem antecedentes criminais e tudo leva a crer que a jovem teria sido usada como “mula”, ou seja, não tinha conhecimento do que levava nas bagagens.

“Eu creio que essa menina foi fisgada. É o termo chamado “angel fisherman”, ou seja, o anjo pescador. É muito comum emissores de traficantes atuarem em baladas e redes sociais aliciando mulheres em situação de vulnerabilidade financeira ou emocional. Eles se pintam de príncipes encantados prometem mundos e fundos e levam essas moças para as armadilhas. São eles que preparam as malas”, afirmou Marrace.

Ainda segundo o criminalista, a quantidade de drogas encontrada na mala da jovem não é considerada alta. “Era uma quantidade de drogas pequena [com ela], apenas nove quilos e meio. Não é alta para os padrões de lá. Acredito que ela deva cumprir uma pena intermediária, ficando alguns anos presa, apenas cinco”, disse ao Uol.

Relembre o caso

Após saberem da prisão da jovem, a família de Mary Hellen pediu ajuda às autoridades brasileiras para acompanhar o caso. Mary Hellen e um amigo de 27 anos chegaram à capital tailandesa em voo procedente de Curitiba (PR). Um jovem de 24 anos desembarcou horas depois, em outro voo vindo da capital paranaense.

Funcionários do raio-X do aeroporto desconfiaram do conteúdo das malas e as levaram para revista. A bagagem de Mary Hellen e de seu amigo tinham 9 quilos em um compartimento oculto. Já o outro rapaz levava 6,5 quilos em duas malas.

No total, os três brasileiros estavam com 15,5 quilos de cocaína nas bagagens. Os três foram detidos e, depois, levados para um presídio de Bangkok.

A família de Mary Hellen soube da prisão porque a jovem enviou um áudio por um aplicativo de mensagens pedindo ajuda. Conforme a irmã, Mariana Coelho, de 24 anos, os familiares não sabiam do envolvimento da jovem com o tráfico de drogas.

Segundo ela, depois que conseguiu emprego em uma churrascaria distante de casa, Mary Hellen passou a morar sozinha. A jovem, que nasceu no Rio de Janeiro, morava com a mãe e quatro irmãos para Pouso Alegre (MG).

“Ela sempre trabalhou, ou como chapeira em hamburgueria, ou de atendente de balcão, com o que aparecia. Mas isso que aconteceu pegou todo mundo de surpresa”, contou o cunhado de Mary Hellen, Anderson Edson de Oliveira Souza, de 28 anos.

Segundo Anderson, a mãe está em estado terminal devido a um câncer no útero, o que talvez tivesse influenciado a cunhada. “Não estamos classificando ela como santa, a gente sabe que tráfico de drogas não é legal em lugar nenhum do mundo, mas ela é brasileira. Ela tem de responder aqui. O que a gente espera é que ela seja extraditada, da mesma forma que o Brasil extradita quanto um asiático, um estrangeiro comete um crime aqui”, disse.