Potência econômica e epidemia. A China é um mistério para o mundo

Não há no mundo, no presente momento, nenhum enigma que se compare à China. Por mais que o país se abra ao exterior, e talvez nenhum outro país tenha se aberto tanto quando a China, menos o mundo sabe, realmente, o que acontece lá dentro.

Sabemos tudo sobre a China e os chineses. Ao mesmo tempo, não sabemos nada. A epidemia do vírus “Corona” é a melhor prova disso. Como é possível que aconteça uma coisa dessas em uma das maiores economias do planeta? Como é possível, de um momento para outro, que a saúde e a vida de bilhões de pessoas fiquem tão expostas a um perigo assim?

Muito se falou no prodígio de se construir um hospital completo em dez dias, como os chineses fizeram, para tratar das vítimas da epidemia. Muito se falou sobre a excepcional capacidade de reação do país à uma emergência desse porte. Mas permanece um completo mistério em torno da questão principal: porque surgiu, em pleno século XXI e na maior potência econômica do mundo, um vírus com essa capacidade de destruição?

O fato é que se sabe muito pouco sobre uma China real e perturbadora que existe lado a lado com a modernidade extrema que tanto espanto causa nas pessoas.

A China tem um PNB vizinho aos 24 trilhões de dólares. Ao mesmo tempo, tem uma renda per capita inferior à do Brasil – e todos nós sabemos o que é o Brasil. Há nessa contradição, resultante de uma população de 1,3 bilhão de habitantes, realidades que ninguém está conseguindo compreender na sua essência. Nunca houve na história da humanidade tanta gente concentrada num lugar só. Não sabemos, no fundo, o que quer dizer isso.