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Advogado de defesa do padrasto acusado de matar Sophia foi preso por pedofilia em Campo Grande

Defensor havia sido flagrado com mais de 100 gigas de material pornográfico e teve OAB cassada em Mato Grosso do Sul.

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Audiência do caso Sophia, no dia 19 deste mês (Foto: Fábio Oruê)

O advogado Renato Cavalcanti Franco, que atua na defesa do padrasto acusado de matar a menina Sophia OCampo, de 2 anos, em janeiro deste ano, já foi preso por pedofilia, em outubro de 2020, durante a deflagração da 3º fase da Operação Deep Caught feita pela Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente).

O advogado foi preso no dia 29 de outubro na sua casa, em Campo Grande. Ele ainda lecionava como professor substituto desde 2018, em uma universidade de Campo Grande. Na residência, os policiais encontraram arquivos no notebook e celular do advogado com cenas de sexo com crianças e adolescentes. Foram encontradas mais de 100 gigas de material pornográfico no dia da operação.

Quando preso, Renato que também é militar reformado, explicou, na época de sua prisão, que havia encontrado os materiais para uma pesquisa acadêmica de seu TCC em 2018, onde iria dissertar sobre crimes sexuais, mas acabou não apresentando o trabalho. Depois disso, ele afirmou que não mexeu mais no programa, deixando o dispositivo em seu computador.

Os filhos de 10 e 4 anos do advogado chegaram a ser ouvidos em depoimento especial, quando ele foi preso, e disseram que o pai gostava muito de tirar fotos e que passeava bastante com eles, fazendo viagens. Um dos filhos ainda disse que o pai queria fazer um vídeo com eles, mas que teriam de ficar de cueca e calcinha. As crianças não relataram nenhum tipo de toques, ou tipos de abusos.

Após a sua prisão, a defesa entrou com pedido de liminar para a revogação de sua prisão e o advogado foi solto, no dia 16 de março de 2021, com habeas corpus. Já no dia 31 de maio de 2021, ele foi denunciado por pedofilia pelo MPF (Ministério Público Federal).

Segundo a assessoria de comunicação da OAB/MS (Ordem do Advogados do Brasil), o advogado teria tido a sua inscrição no Estado cancelada após todo o processo em que foi preso por pedofilia. O cancelamento, de acordo com a assessoria da OAB, teria ocorrido em 2022.

O advogado, que está solto desde março de 2021, tem inscrição na OAB/SC, e faz parte da defesa do padrasto acusado de matar Sophia, em janeiro deste ano. O Jornal Midiamax entrou em contato com a OAB de Santa Catarina, para questionar a situação profissional do advogado e se a seccional foi informada sobre a prisão do advogado em Mato Grosso do Sul por pedofilia.

Mas até o momento da publicação da matéria não obtivemos resposta. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

O advogado Thiago Bunning, que defendeu Renato quando foi preso na operação de pedofilia, disse que desconhece sobre a questão profissional posterior de seu cliente após a sua liberdade em 2021. Sobre as duas inscrições na Ordem dos Advogados do Brasil, Thiago também disse não saber.

Operação a Deep Caught

A 3º fase da Operação a Deep Caught, contra a pedofilia, aconteceu no dia 29 de outubro de 2020, em Campo Grande, quando quatro pessoas que armazenavam e compartilhavam pornografia infantil foram presas. Na casa de dois alvos, os policiais encontraram armas.

Foram presos um advogado e professor de Direito de 35 anos, no bairro Bom Jardim, um empresário de 37 anos, no bairro Vila Vilas Boas, sendo que nestas duas casas foram encontradas armas.

No bairro Lar do Trabalhador, um sargento do Exército acabou preso, assim como um auxiliar de contábil de 34 anos, no bairro São Francisco. De acordo com a delegada Marilia Brito, da Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), foram encontrados 202 gigas de material pornográfico com os acusados. Foram apreendidos celulares, HD’s, computadores e notebooks. Nenhum dos presos tinha passagens pela polícia. Eles utilizavam a deep web para baixar e compartilhar o material pornográfico.

Caso Sophia

Sophia morreu aos 2 anos, na noite do dia 27 de janeiro. Ela foi levada pela mãe a um posto de saúde, onde as médicas que atenderam a menina constataram que ela já estava morta há pelo menos quatro horas. Tanto a mãe como o padrasto de Sophia foram presos e já indiciados pelo crime.

O casal ainda tentou alterar as provas da morte da menina para enganar a polícia. A prisão preventiva foi decretada no dia 28 de janeiro. Em sua decisão, o magistrado afirmou que: “A prisão preventiva se justifica, ainda, para preservar a prova processual, garantindo sua regular aquisição, conservação e veracidade, imune a qualquer ingerência nefasta do agente. Destaca-se que, conforme noticiado nos autos, a criança somente foi levada para o Pronto Socorro após o período de 4 horas de seu óbito, o que evidencia que os custodiados tentaram alterar os objetos de prova.”

O juiz ainda citou que caso o casal fosse solto, haveria a possibilidade de tentativa de alteração de provas "para dificultar ou desfigurar demais provas". O casal foi levado para unidades penitenciárias, sendo a mulher para o interior do Estado e o padrasto da menina para a Gameleira de Segurança Máxima.

A menina passou por vários atendimentos em unidades de saúde, entre eles febres, vômitos, queimaduras e tíbia quebrada. Em menos de 3 meses, a criança foi atendida diversas vezes sem que nenhum relatório fosse repassado sobre os atendimentos a menina.

Advogados retirados de plenário durante audiência

Os advogados de defesa do padrasto de Sophia Ocampos, Willer Souza Alves e Pablo Gusmão, foram retirados durante audiência de instrução e julgamento ocorrida na tarde do dia 19 deste mês, no Fórum de Campo Grande. Um deles, Willer Souza Alves, discutiu com o juiz Carlos Alberto Garcette ao dar um copo d’água para uma testemunha durante o depoimento dela.

A testemunha prestava depoimento e respondia às perguntas do juiz, quando começou a se emocionar e chorar no plenário. O advogado Willer, do padrasto de Sophia, teria passado em frente do magistrado e entregue um copo d’água para a mulher.

O juiz teria dito ao advogado que era permitido que ele fizesse apenas a função de defesa durante a audiência, e explicou que o copo de vidro não era permitido para as testemunhas. O advogado teria falado que “poderia fazer a função que quisesse, de advogado ou copeiro”, quando foi advertido pelo juiz.

Então, o magistrado pediu para que os policiais militares que acompanham as audiências, retirassem o advogado, que no primeiro momento se negou. O outro advogado, Pablo Gusmão, ainda teria tentado amenizar a situação, e também foi retirado do Plenário.

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