Publicado em 16/09/2021 às 08:25, Atualizado em 16/09/2021 às 12:27

Com passagem comprada para voltar para casa, campo-grandense é encontrado morto em sacos de lixo em Manaus

Família precisou fazer vaquinha para arrecadar dinheiro e pagar o sepultamento.

Diário Digital,
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Diego Gomes, 22 anos, foi sequestrado e morto. (Foto: Rede Social)

O jovem sul-mato-grossense encontrado morto em Manaus, nesta terça-feira (14), estava com passagem comprada para voltar a Campo Grande (MS). Diego Gomes Trindade, de 22 anos, chegaria no dia 20 de agosto, mas foi sequestrado e esquartejado por integrantes de uma facção criminosa. As partes do corpo foram colocadas em sacos de lixo deixados próximo ao local onde a vítima morava com o padrasto e o irmão mais novo.

Em Campo Grande, a mãe do jovem luta para retirar o corpo do filho do IML (Instituto Médico Legal) da Capital do Amazonas e fazer o sepultamento. A família precisa de R$ 1.5 mil para bancar as despesas. "Graças a Deus, nós já conseguimos arrecadar praticamente todo o dinheiro. Compramos o caixão para que o IMOL libere o corpo e vamos fazer só o enterro, não vai ter velório porque ele não tinha amigos ou parentes em Manaus, além do meu ex-marido que ele considerava como pai e meu outro filho", conta a dona de casa Maria Dione Gomes, de 41 anos, mãe de Diego.

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Corpo foi encontrado em sacos de lixo, na rua. Fotos: Jander Robson/Portal do Holanda

Diego vai ser enterrado na Região Norte do País por conta do custo do translado do corpo que seria de mais de R$ 10 mil. Dona Maria também não tem condições de comprar a passagem de avião para estar no sepultamento. Então, acompanha de longe, a mais de 3 mil quilômetros de distância, a agonia de não poder se despedir.

"A passagem dele estava comprada, dia 20 meu filho chagaria em Campo Grande. Ele estava tão ansioso, fazia contagem regressiva. O que fizeram com ele foi covardia", desabafa a mãe de Diego.

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Fotos: Jander Robson/Portal do Holanda

Diego era morador do Bairro Nova Lima, mas há quatro meses atravessou o país em busca de oportunidade. Foi trabalhar como pedreiro com o padrasto em Manaus e tinha a intenção de juntar dinheiro para voltar a Campo Grande.

Na noite do último domingo (12), ele foi sequestrado por quatro homens. Segundo relatos da mãe do jovem, o ex-marido estava chagando em casa depois da igreja, quando três homens saíram do carro e o renderam perguntando pelo "rapaz com tatuagem no pescoço". Inicialmente, o morador pensou ser um assalto, mas o trio foi até o quarto de Diego e o arrastou a força para o carro, onde estava o quarto envolvido.

Para dona Maria, o filho morreu por engano. "Eles acharam que meu filho era de uma facção rival por ser do Mato Grosso do Sul e aqui ter muita gente do PCC (Primeiro Comando da Capital) e levaram ele, mas o Diego não era bandido, sempre foi um menino tranquilo, não se envolvia em confusão. Ele era usuário apenas de maconha e não traficava. Não tinha motivos para fazerem uma barbaridade dessas", disse a mãe da vítima.

Horas depois do sequestro, na segunda de manhã, um vídeo chocante publicado nas redes sociais de Diego provocou o pânico nos familiares. "Eles bateram muito no meu filho para que ele entregasse o e-mail e a senha das redes sociais dele. Depois publicaram um vídeo e quando eu abri, era meu filho sem cabeça, com o pescoço jorrando sangue, em um banheiro. Achei que eu fosse morrer. Só Deus para me sustentar de pé", detalha Maria.

O crime - O corpo de Diego Gomes foi encontrado na manhã desta terça-feira (14), na rua Peter Drucker, na Zona Oeste de Manaus, dentro de sacos plásticos de lixo. A cabeça da vítima foi decapitada e os braços e pernas foram separados do tronco.

Segundo uma moradora do bairro, ao site Portal da Holanda, os sacos estavam no local desde a tarde de segunda-feira (13).

A vítima vestia uma bermuda na cor caramelo e tinha uma tatuagem de palhaço no tórax que ajudou no reconhecimento. Os restos mortais foram levados pela equipe do Instituto Médico Legal (IML) para exame necroscópico e o caso é investigado pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).