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Ex-lutadora condenada por matar enteado é encontrada enforcada em presídio

Jéssica Leite Ribeiro cumpria pena no presídio feminino de Corumbá; suspeita é de suicídio.

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Divulgação

Condenada por assassinar o enteado de um ano e meio, a ex-lutadora de MMA Jéssica Leite Ribeiro, 27, foi encontrada morta na noite desta quarta-feira (06) no Estabelecimento Penal Feminino Carlos Alberto Jonas Giordano, em Corumbá.

O crime ocorreu no dia 16 de agosto de 2018 em Dourados. Em 10 de março de 2020, Jéssica foi julgada e condenada a 17 anos e seis meses de reclusão em julgamento que durou 15 horas. Entretanto, como Dourados não possui presídio feminino de regime fechado, ela cumpria pena em Corumbá.

Conforme as primeiras informações apuradas sobre o caso, Jéssica teria comentado com companheiras de cela que não aguentava mais a situação e iria colocar fim à própria vida como forma de "alívio". Por volta de 23h10 de ontem, ela foi encontrada enforcada com um lençol amarrado na janela do banheiro da cela.

De acordo com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Jéssica dividia cela com outras duas internas. Elas relataram que estavam dormindo e quando perceberam, Jéssica já estava morta. A perícia da Polícia Civil foi acionada. A agência informou que também vai apurar as circunstâncias do caso.

A progressão de Jéssica Ribeiro para o regime semiaberto estava prevista para junho de 2024. O corpo vai ser encaminhado para velório e enterro em Dourados.

O crime – Jéssica foi denunciada por homicídio qualificado por meio cruel, acusada de ter pisado propositalmente no enteado e ter incentivado a irmã dele, de 3 anos, a apertar a barriga do menino acreditando que ele chorava por estar constipado. 

Ainda em 2020, a defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul pedindo novo júri, mas a 1ª Câmara Criminal negou, por unanimidade, a anulação do julgamento por júri popular.

“Não há que se falar em nulidade do julgamento, eis que o dolo é inequívoco”, afirmou a 1ª Câmara Criminal. A decisão de segunda instância recordou que Jéssica tinha colocado o bebê sobre uma bancada para preparar a mamadeira. A criança caiu e começou a chorar.

Jéssica teria ficado irritada e ao perceber que o menino fazia força, acreditando que se encontrava constipado, determinou que a irmã subisse em cima da barriga dele.

“A vítima, obviamente, não cessava o choro, no que a ré ajoelhou-se, apertou com muita força a barriga, flexionou-lhe as pernas, pisou-lhe nas costelas, pedindo, a todo tempo, para a menina apertar a barriga do irmão. A criança, já no colo da ré, suspirou e morreu”, afirmou o Tribunal. “Se comprovou que o meio impingido prolongou em demasia o sofrimento da criança, além de ter exposto sua irmã a uma cena de horror inesquecível”. 

Pai da criança – O então companheiro de Jéssica e pai do menino, o também lutador de MMA Joel Rodrigo Ávalo dos Santos, 30, o “Joel Tigre”, também foi denunciado pelo crime e passou um ano e sete meses no presídio.

No julgamento, no entanto, ele foi condenado apenas por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), por omissão e negligência, pois deixava a criança aos cuidados da mulher mesmo sabendo das agressões. Como há havia cumprido a pena de um ano e 15 dias, foi solto logo após o júri.

O bebê morreu na casa onde Joel morava com Jéssica, na Rua Presidente Kennedy, no Jardim Márcia, região leste de Dourados. A mãe da criança tinha a guarda dos filhos, mas havia deixado o menino e a irmã maior com o pai.

Além dos hematomas na cabeça, constatados por socorristas do Samu (Serviço Móvel de Urgência), a criança teve trauma no tórax e laceração no fígado, que comprovaram as agressões. A causa da morte foi choque hemorrágico provocado por agressão externa. 

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