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Justiça do RS nega habeas corpus para soltar pai do menino Bernardo

O Tribunal de Justiça (TJ)  negou nesta terça-feira (6) um pedido de habeas corpus impetrado em favor do médico cirurgião Leandro Boldrini, preso temporariamente desde o dia 14 de abril por suspeita de envolvimento na morte do filho, Bernardo Boldrini, 11 anos. Segundo o desembargador Nereu José Giacomolli, da 3ª Câmara Criminal da corte, a decisão está baseada no fato de ainda não haver razões para afastar a autoria ou participação do réu no crime.

Na semana passada, a Comarca de Três Passos, na Região Norte do Rio Grande do Sul, onde o menino residia, já havia negado um pedido de revogação da prisão temporária de Leandro Boldrini. Ele está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), na Região Carbonífera do estado.

Bernardo Boldrini foi encontrado morto no dia 14 de abril, enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, no Noroeste gaúcho, a cerca de 80 km de Três Passos, onde morava com o pai, a madrasta Graciele Ugulini, e a meia-irmã. Ele estava desaparecido desde 4 de abril. Leandro, Graciele e a assistente social Edelvania Wirganovicz, amiga da mulher, estão presos temporariamente por suspeita de envolvimento.

No novo pedido, protocolado no TJ, a defesa do médico sustentava que a madrasta do garoto, Graciele Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, também presas pelo crime, inocentaram o réu, não havendo indício de participação no fato. Ainda, alegou não haver elementos necessários para ser mantida a prisão temporária.

Entretanto, no despacho que manteve a prisão, o desembargador registrou que se trata, em tese, de participação ou coautoria em homicídio, cuja prisão temporária foi decretada sob o fundamento na necessidade na investigação criminal. Ele assinalou ainda que, em análise inicial e superficial própria e adequada à concessão ou não da medida liminarmente, não há como serem afastadas as fundadas razões de autoria ou participação.

Na fundamentação, o magistrado também citou parte da decisão que determinou a prisão temporária dos três réus, proferida pelo juiz Fernando Vieira dos Santos na Comarca de Três Passos. Na determinação, Santos destacou que não se pode afastar nem mesmo a hipótese, senão comissiva, de omissão penalmente relevante e ainda destaca a farta existência de relatos de que o pai não se omitia apenas dos cuidados para com o filho, mas também de defendê-lo das investidas da madrasta.

Reunião com períciaAs delegadas de Três Passos, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul, que comandam as investigações sobre o assassinato de Bernardo Boldrini chegam nesta terça-feira (6) a Porto Alegre. A Polícia Civil vai se reunir com os peritos que fizeram as análises no corpo do menino. O órgão precisa dos laudos para concluir o inquérito.

O sub-procurador de Justiça do estado Marcelo Lemos está em Três Passos, onde o menino morava, para dar apoio ao trabalho realizado pela promotoria. Ele conversou com as delegadas que cuidam do caso e também ouviu a comunidade. O procurador afirmou que o trabalho do Ministério Público foi ágil e transparente.

Nós não vislumbramos nada que pudesse ter sido diferente do que foi feito. Ao contrário. Nós ficamos preocupados porque as pessoas tentaram buscar responsáveis além dos que estão presos, disse Lemos.

Irmão de Edelvânia prestará depoimento nesta quartaNa quarta-feira (7), o irmão de Edelvânia será ouvido pela polícia na delegacia de Frederico Wesphalen. Quem confirma é o advogado de defesa da suspeita, Demétrius Eugênio Grapiglia. Ele afirma também que a polícia solicitou novo depoimento da sua cliente, que está presa em Guaíba, na Região Metropolitana, no mesmo local de Graciele. Já o médico Leandro, pai do menino, está na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).

EntendaConforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada, relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga, do CRBM. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.

O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. Na segunda-feira (14), o corpo do garoto foi localizado. De acordo com a delegada responsável pela investigação, o menino foi morto por uma injeção letal, o que ainda precisa ser confirmado por perícia. A delegada diz que a polícia tem certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino, mas resta esclarecer como se deu a participação de cada um.

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