Presidente do Banco Central (BC) durante os dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República, Henrique Meirelles criticou os ataques do petista à autoridade monetária. Nas eleições de 2022, ele apoiou a candidatura do petista.
De acordo com o Meirelles, Lula deu um “tiro no pé”, ao reclamar do atual patamar da Selic, taxa referência para os juros no Brasil.
“É um tiro no pé”, disse, em entrevista concedida ao UOL News, nesta sexta-feira, 10. “Acaba prejudicando o governo, porque acaba prejudicando a inflação, e, em consequência, a taxa de juros precisa se manter elevada.”
Segundo Meirelles, as críticas de Lula dizendo que as “taxas de juros estão muito elevadas” e as discussões para aumentar a meta para a inflação eliminaram os espaços para uma “queda imediata dos juros” no Brasil.
De acordo com Meirelles, a expectativa é dos fatores importantes quando se trata de inflação”, explicou. “Se os empresários, desde o padeiro no interior até a indústria automobilística, esperam que os preços subam, evidentemente isso tende a se realizar. É uma profecia autorrealizada. Portanto, se a expectativa da inflação está subindo, ou está alta e não está caindo, o BC não pode cortar juros.”
As investidas do governo Lula contra a autoridade monetária causam preocupação na população, comentou Meirelles. “No momento em que a crítica coloca dúvidas sobre a manutenção da taxa de juros e sobre a capacidade de autonomia do Banco Central de fazer a sua política, isso atrapalha a taxação”, disse.
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