Publicado em 10/06/2021 às 05:28, Atualizado em 10/06/2021 às 09:49
A Policia Federal esteve em Sidrolândia fazendo buscas e apreensões
Com a suspeita de contratações para superfaturar os vínculos firmados com as empresas e dissimular o pagamento de propinas, a Operação Mineradora de Ouro expuseram a conexão entre os conselheiros do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado) alvos da investida com empregados em firmas de tecnologia contratadas pela corte.
A Polícia Federal suspeita que os funcionários seriam “fantasmas”, admitidos apenas para superfaturar os vínculos firmados com estas empresas e dissimular o pagamento de propinas.
A ligação mais evidente é a de Willian das Neves Barbosa Yoshimoto com o conselheiro Waldir Neves Barbosa.
Embora seja advogado, Willian foi contratado pela Dataeasy Consultoria e Informática, em março de 2018, como administrador de redes e de sistemas computacionais.
Conforme as apurações policiais, a Dataeasy, com sede em Brasília (DF), foi a empresa que mais recebeu pagamentos do TCE-MS entre 2018 e 2020 - R$ 80,7 milhões. Somados aos valores pagos à sua filial em Goiânia (GO), os números saltam para R$ 106,4 milhões.
Willian Yoshimoto chegou a receber R$ 15.194,00 de salário, valor que nunca havia sido registrado pela empresa antes, para nenhum funcionário.
As investigações apontam que o advogado é filho de um primo de Waldir Neves, primo este que, por sua vez, é sócio da Mineradora Betione - empresa da qual um irmão do conselheiro, Vanildo Neves Barbosa, tem parte.
O parente de Waldir Neves depois trabalhou como analista de comércio eletrônico na Cast Informática S/A, outra contratada do TCE-MS, entre abril de 2015 e abril de 2018.
Outro indicativo da conexão de Willian com o conselheiro é a sua nomeação, em novembro de 2015, como procurador de um homem que seria responsável pela venda de imóveis rurais de Waldir Neves no estado do Maranhão. Prova disso é um e-mail, obtido pela Polícia Federal por meio da quebra de sigilos, no qual foi identificada a negociação de uma fazenda no valor de R$ 17 milhões. O intermediário recebeu R$ 52 mil do conselheiro entre 2010 e 2017.
Operação Mineradora de Ouro
Deflagrada da terça feira(8), a Operação Mineradora de Ouro levou Polícia Federal, CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal às ruas para cumprir 20 mandados de busca e apreensão, em Campo Grande, Sidrolândia e Brasília. As medidas foram autorizadas pelo ministro do STJ Francisco Falcão.
A investigação mira favorecimento de terceiros por servidores públicos, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, fraude em licitação, superfaturamento e contratação de funcionários “fantasmas”.
O balanço divulgado revelou R$ 1,6 milhão apreendido. Além de Waldir Neves e Osmar Jeronymo, o conselheiro Ronaldo Chadid também foi alvo da investida.