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‘Programa Pânico’ será repaginado e concorrente ‘Encrenca’ tira onda

Alan Rapp caiu porque sob seu comando o programa envelheceu e deixou de trazer surpresas

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Divulgação

A demissão do diretor Alan Rapp torna escancarada a crise de criatividade e de audiência vivida pelo humorístico “Pânico na Band”, que à época da “RedeTV” atingia 10 pontos no Ibope na Grande São Paulo, com picos de 15 e 16 pontos, e no último domingo (18) alcançou minguados 4,7 . Um dos donos da marca reconhece isso com todas as letras: “O Pânico precisa de uma renovada, com novos quadros, novo elenco”, diz Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha.

Alan Rapp caiu porque sob seu comando o programa envelheceu e deixou de trazer surpresas, um traço marcante da atração. E, pior, Rapp tolerou a guinada conservadora – para a direita – o que fez com que telespectadores se desinteressassem pelo formato e perdessem a graça de continuar fiéis seguidores. A intenção de Tutinha é que Rapp fique cuidando apenas do conteúdo da atração na internet.

Outro desafio é tornar o programa engraçado novamente e não vulgar, como atualmente.

A verdade crua é que “Pânico na Band” foi se apequenando a cada temporada. O sinal vermelho acendeu de vez após o crescimento da audiência do concorrente “Encrenca”, mais “família” e com humor mais inocente. Por azar, vai ao ar justamente na “RedeTV”, antiga emissora do grupo comandado por Emílio Surita.

No confronto mais recente “Encrenca” obteve 4.5, “Domingo Espetacular”, da Record, 11.1 e o “Fantástico” 18.7. A crise no Pânico foi recebida com alegria por alguns integrantes do “Encrenca”. “Chupa, paniqueiros!”, teria dito um deles para uma das produtoras do programa de rádio onde eles atuam.Mas como funcionava o estilo de trabalho de Alan Rapp? Ele tem temperamento difícil, mas “só” com “algumas pessoas”, disse ao SRzd um antigo integrante do programa. Em abril, o comediante Eduardo Sterblitch se desentendeu com o diretor e ele teria afirmado que só voltaria ao programa caso Allan deixasse de ser diretor do humorístico. Ambos permaneceram. Em setembro, o criador dos personagens César Polvilho, Freddie Mercury Prateado e O Melhor do Mundo arrumou as malas e deixou a “Band”. A saída do Ceará, que fazia “Silvio Santos”, também foi atribuído à maneira pouco cavalheiresca de Rapp.

Com o diretor afastado, também deixa o grupo a modelo Aline Riscado. O substituto para o diretor será Marcelo Nascimento, ex-“Superpop”.

Em sua página na internet, o jornalista Daniel Castro dá mais detalhes de quem fica e quem sai: “Do elenco atual, deverão permanecer em 2017 somente os ‘originais’, como Márvio Lúcio, o Carioca; Marcos Chiesa, o Bola; Rodrigo Scarpa, o Vesgo; e Daniel Zukerman. Eles já renovaram contrato.

Estão com futuro incerto no programa, a partir de fevereiro, Mari Baianinha, Fabio Rabin, Lucas Salles, Diego Becker, Júlio Cocielo e Fernanda Lacerda, a Mendigata, entre outros profissinais. O “novato” Gui Santana deve ficar”.

O SRzd mobilizou seus contatos dentro da “RedeTV” para saber como estão reagindo a tantas mudanças no concorrente. Um diretor de TV disse rindo que “quanto aos ‘desafetos’, – expressão usada por ele -, a gente quer que eles se danem” .

Há poucos dias, Marcelo de Carvalho havia comentado sobre a saída do “Pânico” da “RedeTV”. Vice-presidente e apresentador da emissora, ele disse que ainda carrega mágoas dos integrantes do humorístico, principalmente de Emílio Surita.

“A coisa mais normal é um apresentador ou ator mudar de canal. Eu só não concordo com duas coisas: sair no meio do contrato e falar mal da emissora onde você trabalhou. Acho que está errado. Eu realmente fiquei muito chateado. Fiquei com um gosto muito ruim na boca”, admitiu Marcelo em entrevista ao “Programa do Porchat”, no último dia 5.

O apresentador comemorou ainda o fato de vencer o “Pânico” no Ibope semanalmente. Ironicamente, o programa que já foi a maior a audiência da “RedeTV”, e desde 2012 é apresentado pela Band, vem sofrendo derrotas sucessivas para o “Encrenca” justamente no horário no qual se consagrou na televisão.

“A vingança é um prato que se come frio. É uma alegria imensa vencer o ‘Pânico’. O mundo dá voltas. Eu não vibro com isso (com a vitória do ‘Encrenca’), eu vibrei com isso. A gente ganha todo final de semana, então ficou chato já”, ironizou.

Ao SRzd, foi dito que o reconhecimento de que o “Pânico na Band” precisava mudar é o “nosso melhor presente de Natal. Estamos eufóricos”. Ainda hoje a emissora de Carvalho e Dallevo é obrigada a acompanhar na Justiça processos movidos contra integrantes do “Pânico”.

“Uma vez, uma brincadeira sem graça foi feita e nos deixou muito mal, fomos condenados por causa de uma bobeira”, relembra o diretor. Ele se refere a uma brincadeira do humorista Carioca (Márvio Lúcio) em 2011, em uma gravação na Oktoberfest. A 5ª Câmara do Direito Civil do TJ/SC condenou a “RedeTV” a pagar R$ 20 mil de indenização por danos morais a um homem vítima de uma “pegadinha” do “Pânico”: o humorista cuspiu no copo de cerveja do rapaz sem que ele visse, em seguida, pediu que ele bebesse, o que acabou ocorrendo. A brincadeira foi ao ar na atração.

O programa já foi acionado na Justiça por Preta Gil, Walcyr Carrasco, Carolina Dieckmann, Luana Piovani, Silvio Santos, Zezé di Camargo e Luciano, entre outros. Muitas dessas ações ainda correm na Justiça.

Em 2012, o comediante Evandro Santo, o “Christian Pior”, resumiu em uma frase porque a trupe comandada por Emílio Surita saiu da “RedeTV”.

“A ‘RedeTV’ atrasava nossos salários”.

Se as mudanças darão resultado, só saberemos na próxima temporada em 2017. O contrato com a turma do “Pânico” garante permanência na “Band” até 2019.

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